segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Invenção do Candomblé


No Principio não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás (Obatalá),
e o Aiê, a Terra dos humanos(Ododua). Divindades iam e vinham, coabitando e dividindo experiências. Conta se que o Aiê era um imenso Mar por onde os Orixás Queriam Navegar, Obatalá e ododua tiveram dois filhos Aganjú (Terra) e Iemanjá (Agua) Olorum enviou Oxalá até o Aiê para que Ele espalhasse um pó preto sobre as Aguas (Iemanjá) para que se formasse a terra firme (Aganjú) e assim os Orixas pudessem habitar o Aiê, Olorum então lhe entregou um saco com o pó preto e uma galinha, Oxalá partiu para o Aiê más no caminho sentiu sede, Exú lhe ofereceu Vinho de Palma e embriagou Oxalá, Exú pegou o pó da Criação e levou a Obatalá e Contou que Oxalá se Embriagará e não Cumprirá a Tarefa, irado com o descuido e a displicência de Oxalá,
Olorum soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.
Assim, o Orum separou-se do Aiê e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. Os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos.
Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados. Isoladas do Aiê, as divindades entristeceram. Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados.
Foram queixar-se com Olorum, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra. Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seres humanos.
Os Orxás tambem ficariam a Cargo de controlar as forças da natureza; a Inspiração e as coisas mais belas e sutis do Aiê, regendo suas mudanças, influências e consequencias na vida dos humanos, esta foi a condição imposta por Olorum para que os Orixas pudessem manisfestar sua presença e alegria de esatrem no Aiê.
Oxum recebeu de Olorum a tarefa de preparar os homens para receberem em seus corpos os orixás. Oxum veio  ao Aiê e juntou as Pessoas à sua volta, banhou seus corpos com diferentes ervas, raspou suas cabeças e pintou seus corpos.
Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e adereços.
Fez um Banquete com manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todos alimentos de que gostam os orixás.Finalmente as pessoas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara. Más Olorun concedeu aos habitantes do Aiê, a capacidade de pensar, de discernir de criar, e de Agir conforme sua vontade! Ao homem Olorum concedeu o mundo! Os destinos, a Natureza, a vida que pulsava dentro de si e em tudo à sua volta!
As iaôs eram as pessoas mais bonitas, equilibradas e em sintonia com o Orun, estavam   prontas para os deuses.

Os orixás agora tinham seus cavalos,
podiam retornar com segurança ao Aiê,
podiam cavalgar o corpo das devotas.
Os humanos faziam oferendas aos orixás,
convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs.
Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam seus tambores,
vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás,
enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam,
convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê,
os orixás dançavam e dançavam e dançavam.
Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Os orixás estavam felizes.
Na roda das feitas, no corpo das iaôs,
eles dançavam e dançavam e dançavam.
Estava inventado o candomblé.

Por:
Mario Jaymowich | bandazazu@yahoo.com.br                                                                        
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