sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Reflexões/Brasil: o país do preconceito velado



Por:Ieda alkim | ieda@betimcultural.com.br
www.escritoraieda.blogspot.com


Quero iniciar este texto de reflexão com um enunciado, que li em uma rede social, quanto ao infeliz comentário de uma internauta: “Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado”. Além desse, milhares de comentários preconceituosos sobre negros, homossexuais, etnia etc. são postados a todo o momento em sites e redes sociais. Então, fica aquela pergunta no ar: você tem preconceito?Quando essa pergunta é feita, as pessoas têm a resposta na ponta da língua: “Não”! Aí é que a coisa complica, pois, se não somos preconceituosos, de onde vem tanto ódio e rancor às diferenças.

Mas, afinal de contas, o que significa “diferenças”? No velho e bom dicionário, a palavra diferença significa “caráter que distingue um ser de outro ser, uma coisa de outra coisa”. Assim, podemos entender que um ser humano, com todas as necessidades fisiológicas, independente de qual país, Estado, ou casebre que mora, se distingue de qualquer outro animal, de um inseto, de um peixe, de uma cobra, mas não se distingue de outro humano. (refiro-me ao animal racional e não às desigualdades sociais que diferem ricos/pobres/miseráveis em escala indecente em nosso país e muito menos nas definições desiguais nas Leis brasileiras, assunto intenso para outro momento). Não há, portanto, diferenças quando, na verdade, somos TODOS iguais e o que nos distingue é apenas o que cada um acredita, aquilo que acaba moldando nosso caráter.

O ódio e o rancor enunciados nas falas das pessoas vêm geralmente da carga cultural que elas recebem. Por exemplo: quando os integrantes de um partido político, imbuídos de suas “verdades” ideológicas, contestam as “verdades” de outros integrantes de outros partidos; quando num templo religioso, seus membros são ensinados que “sua verdade” é a certa em detrimento a “verdade” religiosa de outro; quando o torcedor de um time de futebol considera “seu time” é o “melhor”; quando uma pessoa acredita que “sua cor” e “sua escolha”são verdadeiras em detrimento as “outras cores” as “outras escolhas” etc. Dessa forma nasce o preconceito...

Bem, tudo isso são verdades pessoais, mas não quer dizer que sejamos os donos da certeza, porque a verdade de cada um existe para si e não para ser imposta a outros. E, quando tomamos consciência e somos sensíveis às “verdades” e “escolhas” de outros, poderemos combater dentro de nós qualquer tipo de preconceito e estaremos a mais um passo de uma nova ordem social!

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
Albert Einstein

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