No artigo anterior tratamos da corrupção não de forma morfológica, já que o termo é tão conhecido no dia a dia de todo brasileiro, que seria desnecessário refletirmos sobre o seu significado.
Infelizmente, a tal corrupção existe no espaço onde deveria defender a não corrupção, o não protecionismo, o não paternalismo, por que se trata do cenário político, lugar representativo de todos nós. É sobre esse cenário o nosso espaço de reflexão: política e políticos.
O termo surge na sociedade grega antiga enquanto πολιτεία (politeía), que indicava tudo relacionado à pólis, ou cidade-Estado, ou sociedade, ou coletividade. O personagem que expandiu e explicou o real significado da política foi Aristóteles. Política, por sua vez, passou a organizar conceitos sobre as funcionalidades do Estado ou Governo enquanto ciência ou arte em governar de forma organizada. Assim, surgiram os políticos ou governantes da “pólis”.
Hobbes, em seu célebre Leviathan, disse que, desde cedo, transferimos nosso direito de governar a nós mesmos “(...) a este homem, ou a uma assembléia de homens, com a condição de transferires a ele o teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as tuas acões. Feito isto, à multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas. (…)”.
Se refletirmos sobre nosso papel na sociedade, quando transferimos aos homens que julgamos nos representar com uma “procuração em branco”, por meio do nosso voto, o mínimo que temos que fazer é cobrarmos desses homens a melhor representatividade possível. Não podemos mais aceitar que sejamos representados por pessoas que use nossa procuração para fins próprios! E muito menos use sempre o mesmo discurso para fazer carreira na política...
Nas próximas eleições, antes de entregarmos nossa “procuração em branco” para um político, façamos nós uma reflexão, um estudo daquele político; vejamos também se sua ficha ainda é de bons antecedentes e o que este fez durante seu mandato para a sociedade! Ou melhor, pensemos nós em mudanças, em reformular a política do nosso país: ela está precisando mesmo é ser reestruturada, passada a limpo no filtro dos nossos pensamentos e sentimentos cívicos.
"Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta". John Kenneth Galbraith
Por
Ieda Alkimim / ieda@betimcultural.com.br
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