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Certas situações fazem com que eu me sinta como Robert de Niro no filme Taxi Driver, fico com ideias ruins na cabeça. O nosso trânsito por exemplo é uma verdadeira maldição capaz de deixar qualquer um de cabelo em pé, e pra piorar ainda mais, circulam entre nós, os assassinos disfarçados de motoristas. Estava eu pela temida BR 381, sentido Belo Horizonte-Betim, a 100k/h em minha moto. A carreta de minério vem pela marginal e entra de uma vez. Se eu seguisse em frente, ia parar por debaixo das rodas dela. Se jogasse para a esquerda seria pego pelo carro que vinha a uns 300k/h na mão da esquerda. A minha sorte é que o motorista que vinha atrás de mim parecia ter adivinhado a situação, então ele diminuiu, o que possibilitou que eu também diminuísse e freasse. Por pouco não bati na lateral da caçamba. Eu buzinei, pisquei o farol para chamar a atenção do cretino que estava ao volante, e ele sutilmente me mostrou o dedo. Aquele dedo. Ele tem sorte que eu sou pacifico e tolerante, ás vezes até demais. O pior é que é justamente a nossa tolerância que alimenta certas imprudências. Essa é uma situação que me deixa com ideias ruins na cabeça. Aquele sujeito iria me matar. Se era ou não a sua intenção é outra história. Se ele fosse um condutor consciente, daria seta, esperaria eu e os demais veículos passarem. Mas ele preferiu fazer de seu veículo uma arma, e ameaçar nossa integridade física. É até uma forma de intimidação. É o mesmo que dizer “Eu sou maior que você, então chega pra lá, porque aqui quem manda sou eu.” Infelizmente é assim. No nosso trânsito manda quem tem o veículo maior. Parece até projeção da metáfora fálica. Esses malditos só podem ter pinto pequeno pra agirem assim. Querem compensar algo.
Uma outra situação ocorreu próximo á Divinópolis, na MG 430, pista de mão dupla. Vinha eu tranquilo em minha mão, descendo uma imensa reta. Na mão oposta vinha uma carreta carregada de sabe-se lá o que. A carreta que vinha atrás dela decidiu então ultrapassá-la. Para isso ela teria que atravessar a faixa e invadir a minha mão. Tudo bem, ela estava distante de mim. Mas o problema é que ela não conseguia ultrapassar a outra carreta, mas também não reduzia e voltava para sua mão. Ela simplesmente vinha em minha direção. Eu buzinei, pisquei farol, e ela continuava vindo em minha direção. Tive que jogar para o acostamento e parar, para não topar de frente. Se eu estivesse de carro, não teria como me desviar pelo acostamento que era muito estreito. Isso é ou não é uma conduta de risco? Ele literalmente assumiu o risco e a possibilidade de me matar. É isso mesmo amigo. Ele assumiu o risco e a possibilidade de me matar. Estas são as palavras certas sem nenhuma dúvida. Ele invadiu a minha mão, o veículo dele era grande e o meu era pequeno, e eu estava descendo uma reta. Não ia sobrar nada de mim. É nessas horas que me dá vontade de ser Travis Bickle, e dizer em alto e bom som: “ É o seguinte seus merdas, seus babacas, tá aqui um homem que não vai aturar mais, que não vai deixar. Tá aqui alguém que reagiu. Tá aqui.” Me deu vontade de ir atrás dele tirar satisfação, mas preferi relevar e seguir em frente, a pressa de chegar em casa falou mais alto. Eu poderia também anotar a placa e dar queixa com a transportadora ou com a polícia rodoviária sei lá. Mas a situação foi tão surreal que nem me lembrei disso. Eu simplesmente fiquei ali parado, respirando fundo.
Pra mim alguns condutores são simplesmente assassinos disfarçados de motoristas. Algumas situações não dá pra dizer que são acidentais, pois o indivíduo sabe do risco, e não o evita, e no pior dos casos o provoca, atentando contra a vida de outras pessoas. Idosos, casais, pais e mães, filhos e filhas, crianças e adolescentes, mortos ou feridos pela estupidez e imprudência de uns poucos. Cá entre nós, é ou não é revoltante? Que o trânsito é caótico todo mundo sabe. Que acidentes acontecem todos nós sabemos. Mas literalmente atentar contra a vida de outra pessoa é uma coisa completamente diferente. Essas coisas me deixam com ideias ruins na cabeça. Pra minha sorte, ou para a sorte deles, existe a arte. Sendo assim, eu posso sublimar a minha vontade de ser Travis Bickle.
Uma outra situação ocorreu próximo á Divinópolis, na MG 430, pista de mão dupla. Vinha eu tranquilo em minha mão, descendo uma imensa reta. Na mão oposta vinha uma carreta carregada de sabe-se lá o que. A carreta que vinha atrás dela decidiu então ultrapassá-la. Para isso ela teria que atravessar a faixa e invadir a minha mão. Tudo bem, ela estava distante de mim. Mas o problema é que ela não conseguia ultrapassar a outra carreta, mas também não reduzia e voltava para sua mão. Ela simplesmente vinha em minha direção. Eu buzinei, pisquei farol, e ela continuava vindo em minha direção. Tive que jogar para o acostamento e parar, para não topar de frente. Se eu estivesse de carro, não teria como me desviar pelo acostamento que era muito estreito. Isso é ou não é uma conduta de risco? Ele literalmente assumiu o risco e a possibilidade de me matar. É isso mesmo amigo. Ele assumiu o risco e a possibilidade de me matar. Estas são as palavras certas sem nenhuma dúvida. Ele invadiu a minha mão, o veículo dele era grande e o meu era pequeno, e eu estava descendo uma reta. Não ia sobrar nada de mim. É nessas horas que me dá vontade de ser Travis Bickle, e dizer em alto e bom som: “ É o seguinte seus merdas, seus babacas, tá aqui um homem que não vai aturar mais, que não vai deixar. Tá aqui alguém que reagiu. Tá aqui.” Me deu vontade de ir atrás dele tirar satisfação, mas preferi relevar e seguir em frente, a pressa de chegar em casa falou mais alto. Eu poderia também anotar a placa e dar queixa com a transportadora ou com a polícia rodoviária sei lá. Mas a situação foi tão surreal que nem me lembrei disso. Eu simplesmente fiquei ali parado, respirando fundo.
Pra mim alguns condutores são simplesmente assassinos disfarçados de motoristas. Algumas situações não dá pra dizer que são acidentais, pois o indivíduo sabe do risco, e não o evita, e no pior dos casos o provoca, atentando contra a vida de outras pessoas. Idosos, casais, pais e mães, filhos e filhas, crianças e adolescentes, mortos ou feridos pela estupidez e imprudência de uns poucos. Cá entre nós, é ou não é revoltante? Que o trânsito é caótico todo mundo sabe. Que acidentes acontecem todos nós sabemos. Mas literalmente atentar contra a vida de outra pessoa é uma coisa completamente diferente. Essas coisas me deixam com ideias ruins na cabeça. Pra minha sorte, ou para a sorte deles, existe a arte. Sendo assim, eu posso sublimar a minha vontade de ser Travis Bickle.