segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Divagações Artísticas/Comboio Percussivo e o Regionalismo Metropolitano



Por:Mario Jaymowich | bandazazu@yahoo.com.br       


 O Comboio Percussivo é um coletivo de cultura popular brasileira que busca explorar os espaços públicos através da arte e das manifestações legítimas e democráticas da liberdade de expressão e da livre criação artística. 

Faz-se necessário discutir a fomentação de público e alternativas para a divulgação, a distribuição e a exibição de manifestações culturais brasileiras, refletir e vivenciar experiências contemporâneas de coletividade, pois atualmente as possibilidades de difusão da cultura popular são múltiplas e estão presentes de maneira cada vez mais ativa no cotidiano das pessoas.

Congado, folia, maracatu, frevo, côco, ciranda, catopé, candombe, xaxado, samba, caboclada, cacuriá, embolada, funk, calango, afoxé, carimbo, lundu, maculelê, jongo e outras vertentes da cultura popular brasileira apresentadas ao publico de forma lúdica e prazerosa através do canto, da dança da percussão e de diálogos com o publico.

Entende-se que a ampliação da cultura popular e as suas possibilidades de produção, devem ser resgatadas nas práticas comuns. Portanto é necessário ampliar os espaços de diálogo, de divulgação e de distribuição da cultura afro-brasileira, ocupação e apropriação dos espaços públicos para que se possam desenvolver gestões democráticas, heterogêneas, múltiplas, libertárias, de cooperação, de igualdade, de respeito, de bom senso, de prazer, de afetividades, de beleza, de ritmo e de criatividade.

Fazer intervenções percussivas em locais públicos (praças, mercados, escolas, centros culturais, ruas, avenidas, esquinas e todos os espaços públicos possíveis). Apresentar para as pessoas ritmos afro-brasileiros e suas vertentes através de instrumentos percussivos, cantos e dança sempre dialogando com a cultura popular (regionalismo) e a urbana (metropolitano).

Proporcionar as pessoas que transitam pelo local e seus arredores a possibilidade de conhecer e vivenciar a cultura popular brasileira sem que  este tenha que se deslocar do seu “habitat” local de origem, para ter acesso a cultura popular e o exercício da cidadania.

Ser um projeto itinerante que transite por todos  os espaços  sejam eles na favela, no bairro ou na cidade. “Que dialogue com todas as tribos, classes e etnias respeitando o espaço do individuo sem invadir o seu ‘mundo”  ou ferir a sua identidade, apresentando a cultura popular para o individuo partindo sempre de objetos e elementos do seu cotidiano relacionando estes com o universo musical brasileiro e suas manifestações populares, contribuindo para políticas de descentralização cultural no âmbito federal, estadual e municipal, organizando atividades por todo país.

“para compreender as leis da consciência coletiva,  é preciso primeiro entender as leis da consciência individual” (durkheim)

Com a realização do projeto pessoas que possivelmente não teriam este contato com a cultura popular têm a oportunidade de conhecer, vivenciar e estabelecer relações com o seu cotidiano remetendo muitas vezes o individuo a identificar elementos da sua comunidade ou tradições familiares presentes nessas culturas.

Além de aproximar as comunidades vizinhas e cultivar o bem estar entre as mesmas, o projeto pode ser uma alternativa para diminuir a ociosidade e estimular a ocupação e apropriação de espaços públicos e bens culturais da cidade, democratizando informações, saberes e técnicas, tendo portando acesso a cultura popular e assim tendo a oportunidade de participar dessas manifestações ativamente, essas culturas muitas vezes remetem aspectos e fatos presentes nas tradições familiares e comunidades, que ao longo do tempo foram enfraquecidas pelo contato com a modernização.

Trabalhar em coletivo, respeitando as peculiaridades e individualidades de cada um do grupo, potencializado suas qualidades ao Maximo, o pé na estrada, sem jamais querer salvar outras almas, apenas apresentar outras perspectivas e trabalhar a autonomia e a afirmação da identidade do individuo, trabalhando sua auto-estima, desviando-se daquelas que emitem um som demasiado autoritário ou gemente demais, com seus iguais acordos e acordes, mesmo fugidios; o homem qualquer e suas singularidades que se cruzam, nem individualismo nem comunialismo, um coletivo de indivíduos diversos que contribuem para um mundo mais justo, que vêem  no resgate e na difusão da cultura popular entre as diferentes classes e etnias a alternativa para se construir um mundo melhor, livre de paradigmas e pré-conceitos estabelecidos pela consciência coletiva.

É fato que a nova música mineira tem sido composta com visão e influência da música de origem étnica, ou seja, músicas usadas em manifestações culturais. Alguns grupos são assumidamente influenciados por tal música. Outros não o são, mas explicitam isso na sua arte. É preciso então identificar exemplos em Minas Gerais de grupos de música popular e folclórica que trabalhem com a unidade rítmica urbana e regional, e grupos que apresentem alguma proximidade com a música do movimento REGIONALISMO METROPOLITANO. 

De modo geral o problema que se apresenta aqui é demonstrar, seguindo os passos específicos já citados acima, a influência do elemento contemporanêo na música mineira da atualidade, sendo que o que irá demonstrar isso é a investigação acerca das influências regionais em bandas recentes que fazem uma fusão desta influência com a musica digital e eletrônica.

MARIO JAYMOWICH
 Projeto Regionalismo Metropolitano
 (Comboio Percussivo)


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