quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Diversos/Sobre os artistas que morreram jovens e seus fãs


Um dos grandes  nomes da nossa literatura, teceu o seguinte comentário sobre Castro Alves: “Quando penso em Castro Alves, não penso no grande poeta que ele  foi, penso no grande poeta que ele poderia ter sido”. Antônio Frederico de Castro Alves, o poeta dos escravos, morreu aos 24 anos de  idade. Em vida  ele lançou  um único  livro: “Espumas Flutuantes”. Ele morreu devido a complicações de um tiro  acidental em seu pé, a 6  de  julho  de  1871. Isso  foi a  140  anos  atrás. Mas  mesmo nos dias  de hoje, é comum  artistas  talentosos morrerem jovens. O mundo do rock  que  o  diga.  Alguns morreram  bem  cedo, aos  21 anos como é o caso de Sid Vicious. Ian Curtis  morreu  aos 23. Outros  morreram  um  pouco  mais velhos, aos 36  como Renato Russo, ou  aos  39 como Cássia Eller. Jeff Buckley morreu aos 30.     
             As más línguas costumam dizer que  existe uma  maldição nos dias atuais acerca dos 27  anos. Esse tema é tão antigo quanto o rock’ n’ roll. Supertição ou criação de uma mídia sensacionalista? Isso não importa. O fato  é  que  grandes  nomes  da  música, principalmente do  rock, morreram aos 27  anos de idade.  A lista é enorme. É difícil dizer um número com precisão. Há quem diga que passam de 20. Mas os nomes mais conhecidos são:   Brian Jones, membro fundador dos Rolling  Stones  que morreu em 1969. Depois em 1970  o rock perdeu dois  grandes nomes, Janis Joplin, e Jimi Hendrix. Já em 1971, foi a  vez de Jim Morrison nos  deixar. Nos  anos  noventa  perdemos   Kurt  Cobain. E   mais  recentemente, Amy  Winehouse. Todos eles aos 27 anos. Acaso? Maldição? Coincidência? Vai  saber. Mas o  fato  é  que essas pessoas se foram cedo  demais. Os fãs  relembram  com  prazer os  grandes artistas que eles foram, mas é triste pensar sobre os  grandes artistas  que  eles  poderiam ter  sido. O  mundo rock  é  cheio  de  venenos, de perigos  e  caminhos  tortuosos. Tudo aquilo que choca, que causa polêmica, ou é discriminado e rejeitado pela  sociedade  em geral, o rock incorpora  pra  si. Agrega à sua  essência. No intuito  de  chocar, os  fãs  de rock podem realizar certas  atitudes  impensadas.  E esse tipo de   conduta perigosa se expressa  muitas  vezes em algumas    canções.  É  comum  frases  do  tipo   “Morra jovem, permaneça belo”, ou, “ É melhor queimar  de  uma única  vez  que  se  apagar  aos  poucos”.  Essas    frases,  hora servem de  inspiração, hora de  influência  a  um comportamento inconsequente. Os fãs de rock, principalmente os  mais jovens,  talvez  pela idade,  tem  a mania  ou acham  válido  passar  do  subjetivo para  o  objetivo.  Eles não apenas  curtem  a letra, querem vivenciá-la. O problema é quando essa vivência  se  torna hábito, o  hábito vira rotina, e a rotina  um modo de vida. Daí até a morte  precoce é  uma  simples   questão  de  tempo. Talvez seja esse o caminho  percorrido  por inúmeras estrelas  do  rock  que morreram jovens. É claro, essa é apenas uma teoria. Na prática  existem  outros  fatores, muitas outra variantes.                                                                                                            
            E os  fãs  muitas  vezes  buscam consolo em frases do tipo: “Todos os  gênios  morrem  jovens”, ou  simplesmente :” Os bons  morrem  jovens”. Estas são frases  bonitas  de se dizer  quando  se é  jovem,  já  que  os  fãs   mais jovens costumam  considerar  seus  ídolos como  verdadeiros   heróis. Mas  nesse  caso   a   meu  ver,  não  há   nada  de  belo  ou  glorioso  em se morrer   jovem. É triste, trágico  e  decadente. Não  se pode negar a influência da arte sobre a  vida,  assim  como a vida  pode  influenciar a arte. Mas não podemos esquecer de que a arte é o reino da subjetividade. O rock é muito mais do que música para alguns, é um estilo  de vida. Mas  é  preciso saber  viver  esse estilo de vida, para que não se perca, a vida.

Por:Claudemir Ferreira/claudemirjoseferreira@yahoo.com.br
claudemirletras.blogspot.com
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