Um dos grandes nomes da nossa literatura, teceu o seguinte comentário sobre Castro Alves: “Quando penso em Castro Alves, não penso no grande poeta que ele foi, penso no grande poeta que ele poderia ter sido”. Antônio Frederico de Castro Alves, o poeta dos escravos, morreu aos 24 anos de idade. Em vida ele lançou um único livro: “Espumas Flutuantes”. Ele morreu devido a complicações de um tiro acidental em seu pé, a 6 de julho de 1871. Isso foi a 140 anos atrás. Mas mesmo nos dias de hoje, é comum artistas talentosos morrerem jovens. O mundo do rock que o diga. Alguns morreram bem cedo, aos 21 anos como é o caso de Sid Vicious. Ian Curtis morreu aos 23. Outros morreram um pouco mais velhos, aos 36 como Renato Russo, ou aos 39 como Cássia Eller. Jeff Buckley morreu aos 30.
As más línguas costumam dizer que existe uma maldição nos dias atuais acerca dos 27 anos. Esse tema é tão antigo quanto o rock’ n’ roll. Supertição ou criação de uma mídia sensacionalista? Isso não importa. O fato é que grandes nomes da música, principalmente do rock, morreram aos 27 anos de idade. A lista é enorme. É difícil dizer um número com precisão. Há quem diga que passam de 20. Mas os nomes mais conhecidos são: Brian Jones, membro fundador dos Rolling Stones que morreu em 1969. Depois em 1970 o rock perdeu dois grandes nomes, Janis Joplin, e Jimi Hendrix. Já em 1971, foi a vez de Jim Morrison nos deixar. Nos anos noventa perdemos Kurt Cobain. E mais recentemente, Amy Winehouse. Todos eles aos 27 anos. Acaso? Maldição? Coincidência? Vai saber. Mas o fato é que essas pessoas se foram cedo demais. Os fãs relembram com prazer os grandes artistas que eles foram, mas é triste pensar sobre os grandes artistas que eles poderiam ter sido. O mundo rock é cheio de venenos, de perigos e caminhos tortuosos. Tudo aquilo que choca, que causa polêmica, ou é discriminado e rejeitado pela sociedade em geral, o rock incorpora pra si. Agrega à sua essência. No intuito de chocar, os fãs de rock podem realizar certas atitudes impensadas. E esse tipo de conduta perigosa se expressa muitas vezes em algumas canções. É comum frases do tipo “Morra jovem, permaneça belo”, ou, “ É melhor queimar de uma única vez que se apagar aos poucos”. Essas frases, hora servem de inspiração, hora de influência a um comportamento inconsequente. Os fãs de rock, principalmente os mais jovens, talvez pela idade, tem a mania ou acham válido passar do subjetivo para o objetivo. Eles não apenas curtem a letra, querem vivenciá-la. O problema é quando essa vivência se torna hábito, o hábito vira rotina, e a rotina um modo de vida. Daí até a morte precoce é uma simples questão de tempo. Talvez seja esse o caminho percorrido por inúmeras estrelas do rock que morreram jovens. É claro, essa é apenas uma teoria. Na prática existem outros fatores, muitas outra variantes.
E os fãs muitas vezes buscam consolo em frases do tipo: “Todos os gênios morrem jovens”, ou simplesmente :” Os bons morrem jovens”. Estas são frases bonitas de se dizer quando se é jovem, já que os fãs mais jovens costumam considerar seus ídolos como verdadeiros heróis. Mas nesse caso a meu ver, não há nada de belo ou glorioso em se morrer jovem. É triste, trágico e decadente. Não se pode negar a influência da arte sobre a vida, assim como a vida pode influenciar a arte. Mas não podemos esquecer de que a arte é o reino da subjetividade. O rock é muito mais do que música para alguns, é um estilo de vida. Mas é preciso saber viver esse estilo de vida, para que não se perca, a vida.
Por:Claudemir Ferreira/claudemirjoseferreira@yahoo.com.br
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