sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Reflexões/ Brasil: Corrupção e malversação


Estou sem sono. E, de repente, me veio aquilo que ouvi durante esses dois últimos dias: o Supremo Tribunal de Justiça anulou as provas que a Polícia Federal obteve, por escuta telefônica, contra filho de um poderoso político.

Sem entrar no mérito da questão, entendo que corrupção é corrupção e pronto; que malversação com dinheiro público é malversação e pronto! Ainda mais contra quem há um histórico contínuo de corrupção que envolve seus familiares, e que não é novidade para ninguém. 

Ora, se as provas são contundentes, por que anulá-las? Ah, sim, a escuta foi ilegal! É exatamente isso que tira meu sono: estão sonolentos esses magistrados que se permitem, pela lei, fazer o que fizeram em favor desse corrupto!

Na verdade, acredito eu, muitos se sentem imunes à lei porque a conhecem profundamente e, nas suas brechas jurídicas, buscam desclassificar tudo aquilo que não pode ser de usufruto próprio. Vale lembrar que a alegação do Tribunal Superior de Justiça foi a de que as escutas foram inconstitucionais. Se usar meios da nossa inteligência policial investigativa para apurar a corrupção do país é inconstitucional, então vamos rasgar nossa carta magna e refazê-la sem deixar nenhum parêntese, nenhum adendo, nenhuma aspa sequer que dê margem para interpretações, já que, agora, a Constituição está sendo a verdadeira culpada da decisão dos magistrados!

Corrupção e malversação com o dinheiro público têm que ser apuradas até o fim, doa em quem doer, porque se fosse um pobre coitado faminto que tivesse surrupiado um pacotinho de biscoito, esse já estava preso e esquecido. 

Desqualificar algo tão evidente é desencorajar e desestimular o trabalho de uma Polícia Federal investigativa, de homens e mulheres que se dedicam dias, meses e horas a fio em benefício da sociedade. É como colocar fogo dentro de um depósito de fogos: fogo e adeus cinzas! É como rir-se no espelho e chamar o povo de idiota e ainda dizer: “o Brasil é nosso”! 

“Com tanta corrupção, nem o nulo merece meu voto”.  Walace Sales


Por

Ieda alkimim | ieda@betimcultural.com.br
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