quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Diversos/O soldadinho de chumbo


Por:Claudemir Ferreira / claudemirjoseferreira@yahoo.com.br
claudemirletras.blogspot.com         

      Da obra de Hans Cristian Andersen      
                     
    _Olha, soldadinhos de chumbo! Esta foi a primeira coisa que  ouviram quando  a caixa em que  estavam foi aberta. Eram vinte e cinco soldadinhos de chumbo, iguaizinhos, feitos na mesma forma. Mas um deles se diferenciava, pois só tinha  uma perna. Ele foi o último a ser feito, e faltou  chumbo para encher a forma. Mas ele se  equilibrava melhor em sua única perna do que os outros em suas duas.   
      O soldadinho de chumbo sentia-se feliz por estar fora da caixa, e começou a observar os outros brinquedos a sua volta. Ficou encantado com um castelo de cartolina, que na sua entrada  havia uma dançarina em um vestido  de  fivela azul. O soldadinho  não conseguia deixar  de olhar  para  ela, que respondia  com o mesmo olhar de admiração. Mas o feiticeiro negro se sentiu incomodado e disse para  ele olhar para outro lado. O soldadinho não obedeceu e o feiticeiro  disse que ele iria  pagar por isso.
     Á noite, os soldados foram postos novamente na caixa. No dia seguinte, quando foram retirados e colocados sobre a janela, um vento forte soprou e  o soldadinho caiu no quintal. “Foi  o  feiticeiro”, pensou ele. A chuva começou a cair fortemente, e  o soldadinho agarrou-se a um barquinho de papel que era levado pelas fortes correntezas. Quantos perigos ele enfrentava, mas permanecia firme com a espingarda ao ombro. O barquinho de papel entrou  em um cano escuro, onde  havia  um  rato enorme  que o perseguiu. Mas o valente soldado conseguiu escapar. Viu uma claridade á sua frente, e por um instante pensou estar seguro. Foi quando ouviu um barulho capaz de amedrontar o mais corajoso soldado. Era  uma  enorme  queda  d’água que  se aproximava cada vez  mais. O barquinho caiu, e o  soldadinho  permanecia confiante com sua espingarda ao ombro. Mas a água começou a encher o barquinho que  logo  naufragaria. A água  já estava  no  pescoço  de  nosso  herói, e  ele  teve  medo  de  não  ver  a  gentil  bailarina novamente. O papel úmido do barquinho se rompeu, e  o  corajoso soldadinho  afundou.  Foi quando um peixe o devorou. Passou dias assim, no escuro e com medo. Mas de  repente, ele viu  a  luz  do  dia. O peixe  havia  sido  pescado  e  uma  cozinheira  o  abriu. Ela  se assustou quando se deparou com o soldadinho de chumbo. Pegou ele e  o  pôs  em  cima da  janela. A novidade se espalhou pela casa. Todos os  moradores, e  todos os  brinquedos     queriam  admirar  o valente soldado  que  havia  viajado  na  barriga  de  um  peixe. 
       Quantas  coisas extraordinárias acontecem nesse mundo, pois o soldadinho  achava-se  sobre  a  mesma janela de onde havia caído. Reconheceu o ambiente, os brinquedos e  a  adorável  dançarina que o olhava. Ele ficou comovido, e teve vontade de derramar lágrimas de chumbo. Mas o vento soprou novamente, e o soldadinho  caiu  em  um  fogo  que  ardia  fora da  casa. “Novamente  o  feiticeiro” ,  pensou consigo. Ele  sentia-se  derreter,   mas permanecia olhando para sua  amada  dançarina, que  ao  ver  tal  cena, custou se conter. Uma porta se abriu abruptamente, provocando um forte vento, que fez com que a leve bailarina voasse e  caísse de braços abertos sobre seu valente soldadinho de chumbo. 
          No dia seguinte, no meio das  cinzas do fogo   havia  um coração  de  chumbo, e sobre ele uma fivela azul.                                                                                                      

*Os textos publicados no DIÁRIO RBC são de responsabilidade de seus autores.