Um mal ronda nosso século, a depressão. Uma dor de existir vinda da falta de estrutura de lidar com as perdas, as frustrações e dos nãos que a vida dá. Uma coisa é fato, nos dias atuais as pessoas tem apresentando poucos recursos psíquicos para lhe dar com os fatos inerentes a vida humana.
O que antes era visto como uma doença de privilégio dos mais ricos que diante da inexistência da falta material se queixavam de uma dor sem causa especifica ou explicação lógica, de uma tristeza profunda que apagava qualquer vestígio de possibilidade de felicidade. Hoje, ronda as vidas alheias sem discriminação socioeconômica, raça, gênero ou idade.
A depressão, descrita pelos por grandes poetas como uma dor oriunda da alma que inspiravam versos e melodias intermináveis e era transformada em melancolia, foi também julgada pelos religiosos como uma influência negativa de maus espíritos ou entidades demoníacas que assombravam os mais fracos diante da falta de fé em Deus e esperança na vida.
Apesar de todos os recursos e explicações neurofisiológicas que a medicina vem nos oferecendo e dos tratamentos e pílulas que prometem a felicidade, as pessoas continuam adoecendo e cada vez mais sofrem desse mal.
Diferente da tristeza que faz parte do processo natural de algumas perdas que uma pessoa vivencia ao longo da vida e da melancolia em que o sujeito estruturalmente se fixa no lugar daquilo que se perdeu. Na depressão a dor da perda fica e a tristeza permanece no estado de espírito do sujeito degenerando suas vontades e desejos de prosseguir.
Diante de uma perda, morte de um ente querido, separação amorosa, perca de um trabalho, seja lá qual outro motivo da causa desse sentimento, o sujeito permanece sem se esforçar ou sem dá conta de elaborar a falta deixada preferindo se esconder em um quarto escuro, longe de tudo e do mundo. Alguns vivenciam de forma tão intensa tal dor que preferem acabar com tudo pondo fim na própria história. Contudo, há escolhas e possibilidades.
Às vezes ou quase sempre, é necessário que outro intervenha e lhe ofereça ajuda. Tarefa nada fácil para quem se empenhe nesse papel, pois nada que se ofereça parece o suficiente para que o sujeito se levante. Ajudar ao outro, depende muito mais do desejo de receber ajuda. Tudo depende do desejo que ainda resta em viver, talvez seja isso que possamos tentar resgatar acendendo uma faísca de luz sobre o caminho do sujeito deprimido, que pode se apagar se dele nada vier, mas que pode acender a luz sobre as possibilidades que ainda existem e que a escuridão em que está mergulhado não o deixa enxergar.
Por:
Débora Gabriele | deboragabriele@hotmail.com