Essa é, sem dúvida, umas das propostas mais indecentes que li nos últimos dias! Falo indecente porque a forma escrita é o meio pelo qual expressamos nossos pensamentos livres e sentimentos a respeito de algo. É na ponta da caneta que nós diluímos nossos anseios do dia a dia e até nos serve de treino à nossa paciência quando aguardamos um ônibus ou estamos nas filas de espera do atendimento médico ou do voo quase sempre atrasado por algum motivo.
Espero que nenhum pseudo-político, que temos em Brasília ou nos estados da federação ou mesmo na esfera municipal, especialmente nas grandes cidades, não copie essa ideia estapafúrdia; faço lembrar que a educação brasileira já está a beira do abismo e não precisa de mais nenhum empurrão para ir de vez à derrocada. Também não é necessário ficar lembrando que nem todos os brasileiros têm acesso à informática e, pior, que em muitos lugares a luz elétrica ainda não é realidade.
Eu fico, aqui, sofrendo pelas pobres crianças da Alemanha: pode lhes ser tirado o direito de aprender a escrita à mão, uma forma de comunicação simples, fácil e muito mais eficiente de expressar os próprios sentimentos de liberdade. Escrever à mão auxilia também na formação do sentido abstrato da existência, como fazem os grandes poetas.
“Escrever é, pois, ao mesmo tempo desvendar o mundo e propô-lo como uma tarefa a generosidade do leitor. É recorrer à consciência de outrem para se fazer reconhecer como essencial à totalidade do ser; é querer viver essa essencialidade por pessoas interpostas.” (Jean-Paul Sartre /1905 - 1980)
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Ieda alkimim | ieda@betimcultural.com.br
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